Em 1969, antes de alcançar o estrelato mundial, Rod Stewart era um cantor de estúdio que trabalhava em diversos projetos, com uma famosa paixão por carros e uma carteira notoriamente vazia. Essa combinação de pobreza e paixão levou a um dos negócios mais interessantes da história do rock and roll: trocar sua voz inconfundível em um futuro sucesso mundial por um acessório prático — um conjunto de capas para bancos de carro. Rod Stewart, sem dinheiro, chegou a trocar sua voz icônica em uma música de sucesso por capas para bancos de carro — provando que já era uma estrela do rock antes mesmo de ter um tostão.
A oportunidade surgiu quando a banda de rock australiana Python Lee Jackson estava gravando em Londres. Tanto a banda quanto Stewart enfrentavam dificuldades financeiras na época. Eles convidaram Stewart, que ainda não havia alcançado a fama com os Faces nem lançado sua carreira solo (que decolaria em breve com o sucesso de 1971, “Maggie May”), para gravar os vocais de uma nova música. A canção era “In a Broken Dream”, escrita pelo tecladista e vocalista da banda, Dave Bentley, que achava que sua voz não era exatamente adequada para a gravação. A sessão foi inclusive produzida pelo famoso DJ da BBC Radio 1, John Peel.
Praticidade Acima do Dinheiro
Stewart, um jovem artista com gosto para carros caros , mas pouco dinheiro para qualquer outra coisa, viu-se em uma posição peculiar de negociação. Ambas as partes estavam sem fundos, então o pagamento tradicional em dinheiro estava fora de questão. Em vez de exigir um pequeno cachê, que a banda mal podia pagar, Stewart fechou um acordo que atendia à sua necessidade imediata relacionada a automóveis. Ele concordou em gravar seus vocais icônicos e melancólicos em “In a Broken Dream” em troca de um novo conjunto de capas para os bancos do seu carro. Esse pagamento humilde e prático tornou-se lendário, simbolizando a era árdua e independente do rock antes dos grandes contratos começarem a surgir.
O lançamento inicial do single em 1970 não entrou nas paradas. No entanto, com a explosão da carreira solo de Stewart, seu nome tornou-se rentável. A gravadora de Python Lee Jackson, sabiamente, relançou “In a Broken Dream” em 1972, capitalizando o estrelato recém-adquirido de Stewart. O resultado foi um enorme e inesperado sucesso global: a música, com os vocais de Stewart, alcançou o impressionante 3º lugar na parada de singles do Reino Unido em 1972 e o 56º lugar na Billboard Hot 100 dos EUA.
A voz de Stewart, que ele vendeu por meras capas de assento de carro, de repente ecoava pelo mundo, rendendo royalties para todos os envolvidos — exceto, na prática, para ele mesmo. O legado da música continua no século XXI, sendo sampleada pelo rapper americano ASAP Rocky em seu hit de 2015, “Everyday”. A anedota continua sendo um testemunho do início da carreira de Rod Stewart — um homem cujo talento era tão evidente que ele era uma estrela mesmo quando sua conta bancária não lhe permitia pagar um salário decente, contentando-se, em vez disso, em adquirir alguns estofados elegantes.
Leia tanbém sobre esse blues maravilhoso que ROD canta com Jeff Beck na guitarra em https://musisfera.com.br/rod-stewart-jeff-beck-em-blues-deluxe/

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História bacana