Paula Toller, nos anos 80, cantava : “ solos de guitarra não vão me conquistar” . A frase é irônica porque ela teve relacionamento com dois guitarristas na época. Agora, em 2024, os solos de guitarra ,que estavam afastados da música Pop por soarem datados, estão voltando .Leia o texto abaixo para entender os motivos.
O produtor indicado ao Grammy Dan Nigro desempenhou um papel fundamental nas carreiras de duas das estrelas mais brilhantes do Pop que surgiram nos últimos dois anos: Olivia Rodrigo e Chappell Roan – e seus álbuns magistralmente elaborados, Sour (2021) e Guts (2023), e The Rise and Fall of a Midwest Princess (2023).
Pop punk
Com Rodrigo anunciando a nova vanguarda do Pop-Punk e Chappell Roan trazendo a experiência queer para o primeiro plano com um Pop habilmente elaborado com toques dos anos 80, Nigro – que foi guitarrista da banda indie dos anos 2000 chamada As Tall As Lions – estabeleceu-se como um produtor que captura o zeitgeist e não se intimida com um solo de guitarra – mesmo que seja contra seus próprios instintos.
“Meu cérebro pensa: ‘Solos de guitarra são datados porque eu ouço Metallica e os solos de guitarra do Metallica são dos anos 80’”, Nigro conta a Brian Hiatt, da Rolling Stone.
“É por isso que adoro trabalhar com Chappell e adoro trabalhar com Olivia, porque seus pontos de referência são sempre atuais por causa da idade deles. E então estou sempre aprendendo.”
Solo e lead
Solos aparecem nas produções de Nigro — mais notavelmente o timbre com o oitavador Fuzz Rager em “Bad Idea Right?” de Olivia Rodrigo e o lead dos anos 80 no hit inesperado de Roan, Pink Pony Club.
“Eu estava ouvindo versões anteriores da música quando éramos só eu e ela improvisando ideias”, lembra Nigro sobre fazer Pink Pony Club. “Eu estava tipo, ‘O que era antes?’ Porque eu trabalhava na produção, e então eu mandava um bounce para ela e dizia, ‘É aqui que estou com a música.’
O que eu tinha antes das guitarras ?
“Eu lembro quando ela ouviu a parte depois da ponte, ela disse, ‘Não, eu quero um solo de guitarra.’ Então eu pensei, ‘Espera, o que eu tinha antes das guitarras? Eu nem lembro o que tinha antes das guitarras.’ Porque mesmo na minha cabeça, o solo de guitarra sempre esteve lá, o que não era o caso. Era como um solo de sintetizador.”
Nigro explica que mesmo que a música tenha guitarras – “o refrão bate com guitarras sujas” – Roan foi quem apontou que ela estava implorando por um solo completo.
“Eu lembro que entrei, trabalhei e enviei uma versão para ela. Ela disse, ‘Precisa ser mais melódico.’ Então eu e Sam [Stewart, guitarrista da banda Lo Moon, que também tocou na estreia de Roan], trabalhamos o que você ouve agora. Acho que foi uma segunda tentativa que fizemos super melódico, e ela adorou.”